quarta-feira, 22 de junho de 2016

Temer anuncia importação de feijão para combater alta de preço

22/06/2016 11h49 - Atualizado em 22/06/2016 15h31

Temer anuncia importação de feijão para combater alta de preço

Em 2016 até maio, feijão subiu 33,49%; em 12 meses, alta é de 41,62%.
Produto tem sido considerado um dos 'vilões' da inflação neste ano.

Alexandro Martello e Filipe MatosoDo G1, em Brasília
O presidente em exercício, Michel Temer, informou nesta quarta-feira (22), por meio de sua conta no microblog Twitter, anunciou a importação do feijão de países vizinhos do Mercosul, comoArgentinaParaguai e Bolívia.
De acordo com o IBGE, que mede a variação nas capitais, o preço do feijão subiu 33,49% no ano até maio. No acumulado dos últimos 12 meses até maio, a alta é de 41,62%.
A alta é resultado de problemas climáticos, que vêm reduzindo a produção do feijão no Brasil. O aumento de preços atinge o prato típico dos brasileiros, o feijão com arroz, e dificulta principalmente a vida dos consumidores de baixa renda, que, acuados pela recessão e pelo desemprego, cortam a compra de itens supérfluos no supermercado.
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, deu detalhes da medida a jornalistas após reunião com Temer no Palácio do Planalto. Ele informou que não há tarifa para a importação de feijão dos países do Mercosul, mas que ela existe para outros países, como México e China, e estão sendo retiradas pelo governo.
“Por sugestão do presidente Temer, vamos, através do Planejamento e da Fazenda, retirar os impostos e taxas cobrados de outros lugares, da China e México, além de outros países também”, disse ele.
A retirada do imposto de importação barateia o produto importado e facilita a chegada dele ao país. A expectativa é que, com mais oferta no mercado, o preço do feijão caia. Maggi informou que a desoneração deve durar "no máximo por 90 dias", prazo em que, acredita ele, a crise que gera o encarecimento seja revertida.
O encarecimento do produto tem sido um dos temas mais comentados nas redes sociais. No Twitter, o assunto gerou a hashtag "TemerBaixaOPreçoDoFeijão." Em sua conta do microblog, o presidente em exercício também utilizou a hashtag ao anunciar a importação.
A importação para combater a falta de produtos agrícolas e forçar a queda de seus preços não é novidade. Ela foi adotada com o próprio feijão em 2013, por exemplo, quando houve quebra da safra no Brasil e, consequentemente, o custo disparou.
Domínio brasileiro
Maggi informou ainda que o mercado de feijão, no Mercosul, é muito pequeno, dominado por empresas do Brasil. O ministro disse ser importante dar estímulos para que as grandes redes de supermercados e atacadistas possam buscar o produto em outros países para “quebrar um pouco esse monopólio do feijão no Brasil”.
“Normalmente, não temos estoque porque é um produto altamente perecível”, disse.
Outra medida que está sendo tomada, de acordo com Blairo Maggi, é negociar com grandes redes de supermercado para que busquem o produto onde há maior oferta.
O ministro da Agricultura declarou que, a princípio, a ideia é estimular a importação do feijão dos países mais próximos, da Argentina, do Paraguai e da Bolívia.
Maggi não informou, entretanto, como esse estímulo será feito no caso dos países do Mercosul, para os quais, segundo ele, não há tarifa de importação do feijão.
“Se não conseguirmos abastecer, aí vem da China, mas podemos esperar 60 dias para a comercialização acontecer”, disse ele.
Milho mais caro também
Após o encontro com Temer, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, informou também que "outro problema" que o governo deve enfrentar nos próximos meses é a alta do custo da saca do milho, em razão da "quebra da safra".
Segundo o ministro, a saca, que antes custava entre R$ 25 e R$ 30 na Região Sul do país, por exemplo, passou para R$ 60, o que, para ele, tira a competitividade e cria "dificuldades" tanto para os produtores venderem quanto para quem precisa comprar milho.
"Vamos atuar na política de preços mínimos. Nós vamos subir os preços mínimos para que os produtores se entusiasmem e plantem mais. [Além disso], criaremos as condições de importação, num segundo momento, para não deixar o preço passar muito acima do razoável", declarou.
Reunião no Planalto
O anúncio de Temer pelo Twitter nesta quarta ocorreu no momento em que o presidente em exercício estava reunido, no Palácio do Planalto, com pelo menos sete ministros da área econômica, entre eles Henrique Meirelles (Fazenda) e Blairo Maggi (Agricultura), além de José Serra (Relações Exteriores).
O tema do encontro não chegou a ser divulgado pela Secretaria de Imprensa da Presidência, mas a assessoria do Planalto informou que Maggi e Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia e Comunicações) concederão uma entrevista coletiva ao fim da reunião.
Esta não foi a primeira vez que o presidente em exercício utilizou o microblog Twitter para fazer anúncios oficiais do governo.
Na última segunda (20), Temer acessou sua conta na rede social para informar que o Executivo federal e os governos estaduais haviam chegado a um acordo sobre a negociação da dívida dos estados com a União, estimadas em mais de R$ 400 bilhões.
Na série de mensagens, ele informou, por exemplo, que o pagamento das dívidas seria suspenso por seis meses.
Após as postagens, coube ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, detalhar a medida à imprensa, assim como ocorrerá nesta quarta com Blairo Maggi (Agricultura) e Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia e Comunicações).
'Baixa o preço do feijão'
Desde o início da manhã, o assunto "Temer baixa o preço do feijão" está no chamado "trending topics" do Twitter, que são os temas mais comentados na rede social em um determinado momento do dia. Por volta das 12h desta quarta, por exemplo, era o quinto assunto mais falado entre os usuários brasileiros.
Na mensagem na qual anunciou a importação do feijão para combater a alta do preço, Temer também utilizou a hashtag "TemerBaixaOPreçoDoFeijão".

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