Apesar da incidência de escorpiões ser mais comum no verão, muitas pessoas estão sendo vítimas deles em Várzea Grande neste período de outono. O problema é que, por lá, não podem contar com o tratamento adequado por falta até de soro antiofídico.
Alinne Hellen de Lima Moraga, moradora do bairro Construmat, na Cidade Industrial, levou uma ferroada de um escorpião amarelo dentro de casa. Ela e o marido conseguiram capturar o animal e foram ao Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande (PSMVG) em busca de tratamento.
Lá foram encaminhados logo na recepção para o Pronto Socorro de Cuiabá (PSMC), sob alegação de que não havia médicos para fazer o atendimento. Em nota oficial, a Prefeitura de Várzea Grande informou que no PSMVG não existe o tratamento por falta de soro antiofídico.
Já em Cuiabá, Alinne passou pela triagem, tomou a medicação e o soro antiofídico. A surpresa foi quando o médico disse à paciente que os escorpiões da região não são venenosos.
O coordenador do Centro de Informações Antiveneno (Ciav) do PSMC, José Figueiredo, explica que todo escorpião é venenoso, mas muitos têm potência menor e causa menos danos. “Às vezes, se diz isso porque não há a necessidade de um soro específico, apenas uma analgesia é suficiente. O soro antiofídico, em casos onde o veneno é menos forte, pode causar até choque anafilático”, afirma.
Figueiredo esclarece que os escorpiões de cores amarela, cinza e marrom têm menor potência no veneno, causando dor e sensação de anestesia no local da ferroada. “Os escorpiões negros são mais perigosos. A picada deles pode causar de palpitação até um edema agudo de pulmão”, explica o coordenador do Ciav.
O médico reforça que é importante que a pessoa picada por qualquer escorpião tente capturá-lo, vá a uma unidade de saúde, onde é feito esse atendimento, e leve o animal para que seja feita a identificação e a medicação correta.
Notificações
A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que o Sistema de Informação de Agravos de Notificações (Sinan) é o órgão que realiza a identificação dos animais peçonhentos.
Está localizado no bairro Coophema, em frente ao Hospital Adauto Botelho, e o cidadão pode levar os animais que conseguir capturar.
Entretanto, os animais não ficam mais guardados no local, como era feito até 3 meses atrás, aberto à visitação.
O levantamento do Sinan aponta que de 2013 até janeiro deste ano houve 547 picadas de escorpião em Mato Grosso.
Como evitar
O biólogo Randal Lopes aconselha vedar as frestas, vãos, buracos e ralos dentro de casa, utilizar telas de proteção e manter o quintal sempre limpo.
Casas próximas a terrenos baldios ou áreas com mato devem, de preferência, ser dedetizadas por empresas especializadas.
“Escorpiões alimentam-se de outros vertebrados, como baratas. Por isso, em locais onde há acúmulo de lixo, sujeira reunida, são mais propensos a aparecerem”, diz.
José Figueiredo ainda explica que a incidência desses animais peçonhentos é durante todos os meses do ano, com mais frequência no período chuvoso, pois eles entram em residências em busca de alimento e abrigo.
A própria Alinne diz que próximo à sua residência já encontrou escorpiões, inclusive o preto, mais de uma vez nos últimos meses.
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